quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Saquinhos de supermercado: da febre nacional à herança do descaso

Aqueles saquinhos de supermercado que entulham as cozinhas dos brasileiros e são aparentemente inofensivos têm uma sina: a poluição do meio ambiente.


Por Amanda Sampaio, Isabela Monteiro, Ranne Almeida e Samaísa dos Anjos



Tente imaginar como será a vida na Terra daqui a 400 anos. Talvez os carros já não existam e as pessoas só andem de avião, ou talvez elas nem saiam mais de casa por conta do avanço da tecnologia. O futuro é incerto, e cada um pode imaginá-lo de forma diferente. A única certeza que podemos ter é que a sacola plástica que você joga hoje na natureza, ainda existirá daqui a quatro séculos.

Segundo a ambientalista do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), Goretti Gurgel, dependendo da composição da sacola plástica, ela pode demorar até 400 anos para se decompor. Imagine então uma família composta por 4 pessoas que utiliza cerca de 12 sacolas por dia. Em um ano, isso resulta em 4380 sacos jogados na natureza, de acordo com ela.

É muito comum utilizarmos sacos plásticos como se eles fossem descartáveis e não nos damos conta dos danos desastrosos que estes podem causar no meio ambiente. Por serem produzidos a partir de resina sintética originada do petróleo, quando queimados, podem causar câncer por liberarem gases tóxicos, como dioxinas e furanos, que provocam mutação na genética humana, explica a ambientalista.

Além disso, Goretti diz que os efeitos nocivos se estendem aos animais que ingerem os plásticos confundindo-os com alimentos. Eles não têm capacidade de digerir as substâncias e morrem. Isso acaba afetando toda a cadeia alimentar do habitat de animais como peixes, tartarugas, bois, vacas, ovelhas, porcos, dentre outros.

Outra conseqüência apresentada pela ambientalista é o fato de que, como as sacolas estão sendo fabricadas em larga escala, elas ocupam grandes espaços nos depósitos de resíduos sólidos, diminuindo a vida útil dos aterros sanitários.


Foi pensando nisso que o Ministério Público do Estado do Ceará (MP/Ce), representado pela procuradora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional ao Meio Ambiente (Caomace), Sheila Pitombeira, propôs no início de abril deste ano a campanha “Pelo fim do saco plástico”. Sua finalidade é educar e sensibilizar os comerciantes varejistas, objetivando a redução das sacolas plásticas.

Segundo o MP, os sacos, introduzidos nos anos 70, logo se tornaram populares por serem distribuídos gratuitamente nos supermercados e nas lojas. Além disso, constituem uma forma barata de publicidade para os estabelecimentos que os distribuem, em virtude da decoração com o símbolo das marcas.

Para Sheila, é estimado que circulam em todo o mundo entre 500 bilhões a 1 trilhão de sacolas anualmente. Ainda segundo ela, no Brasil são produzidos 210 mil toneladas anuais de plástico filme, uma película normalmente utilizada na fabricação de embalagens plásticas. Isto representa 9,7% de todo o lixo do país, e somente 1 a 3% dessas sacolas acabam sendo recicladas, afirma.

Veja Mais

A ambientalista do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), Goretti Gurgel, fala sobre o problema dos sacos plásticos.



Você sabe o que são tábuas de plástico? Confira a reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre uma alternativa que pode dar utilidade a pelo menos 9 mil sacos plásticos.



Saiba Mais

Alternativas para o fim do saco plástico. Saiba o que são sacolas retornáveis e sacolas biodegradáveis.

Artesanato com sacos plásticos. A artesã que usa a criatividade em prol da natureza.

Arte com lixo. A artista que usa sacos plásticos para construir e costurar.

Nenhum comentário: