terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA)

Texto de Camila Queiroz

Em 25 de junho de 2008 o Instituto de Cultura e Arte foi oficialmente instalado como Unidade Acadêmica da UFC. Mas as polêmicas com relação à futura localização desta unidade e às mudanças que vai causar na Universidade não foram dissipadas.

São várias as questões com relação ao ICA e elas giram em torno da localização que a administração superior da UFC escolheu para a nova unidade acadêmica: os arredores da Casa José de Alencar, no bairro de Messejana, em Fortaleza.

Desde o primeiro semestre de 2007, durante a campanha para reitor da qual saiu vitorioso Ícaro Moreira, que fala-se no ICA. No entanto, àquela época, era dito que o Instituto seria instalado na avenida da Universidade com a intenção de revitalizar o corredor cultural do Benfica, utilizando-se do Teatro Paschoal Carlos Magno, da Casa Amarela e do Museu de Arte da UFC (Mauc). Passadas as eleições e aprovada a adesão da Universidade Federal do Ceará ao projeto Reuni, a proposta inicial transformou-se radicalmente, encontrando apoio no discurso do progresso e da descentralização da Universidade.

Vão fazer parte do Instituto de Cultura e Arte os cursos de Educação Musical (que já funciona precariamente na Casa José de Alencar), de Estilismo e Moda (que funciona junto com o curso de Agronomia, local totalmente inadequado do ponto de vista físico e pedagógico), Comunicação Social (que oferece habilitação em Jornalismo ou Publicidade e Propaganda e pertencia ao Centro de Humanidades) e o curso de Filosofia (curso ao qual pertence o diretor interino do ICA e Pró-Reitor de Graduação da UFC, professor Custódio Almeida). A UFC pretende criar ainda os cursos de Cinema, Artes Cênicas e Dança, que farão parte do ICA. A previsão é de que o ICA já comece a funcionar no primeiro semestre letivo de 2010.

Há que se questionar a forma como as coisas estão sendo conduzidas no processo de construção do ICA. Os professores e representantes dos estudantes de Comunicação Social foram avisados com apenas 12 horas de antecedência de que deveriam votar se o curso de Comunicação iria para Messejana (com um orçamento de 120 milhões de reais) ou se iria para o campus do Pici (com a metade do orçamento). Por que tamanha disparidade de valores? Simples, a Universidade está num momento de expansão, que alias é proposto pelo projeto Reuni. Por isso, há muito mais verbas para a construção de novas unidades acadêmicas, como é o caso do ICA em Messejana, e poucas verbas para reformas, como seria o caso da instalação do Instituto no Benfica ou no Pici. A decisão, motivada por tais fatores financeiros, era tão óbvia que foi unânime, apesar dessa unanimidade estar apoiada na sutil repressão e boicote que os discordantes poderiam sofrer. Depois de tudo, descobriu-se que a verba inicial para o ICA é de apenas 3 milhões de reais – valor que está sendo gasto na construção do prédio do curso de Psicologia – e depois virão mais 18 milhões, do Reuni, mas é para toda a UFC, portanto não sabemos qual porcentagem vai caber ao ICA.

Para a construção do prédio do ICA nos arredores da Casa José de Alencar é necessária uma licença do Iphan. Segundo a superintendente regional do Iphan, Olga Paiva, a idéia parece absurda. “Querem levar sete cursos pra lá. Mas ainda vamos avaliar. Por enquanto, a opinião da equipe técnica é que é uma estrutura muito grande para aquela área", conclui.

Por parte dos estudantes de Comunicação não há uma posição unificada. A maioria é indiferente, enquanto alguns tentam realizar discussões para depois tirar um posicionamento. As preocupações de quem é contra o curso de Comunicação Social sair do Benfica giram em torno da ligação do curso com o Centro de Humanidades (História, Lingüística, Psicologia, Ciências Sociais, entre outros, cursos de Ciencias das quais a Comunicação Social bebe), tanto no que diz respeito à estrutura pedagógica do curso, quanto à questão política – estamos indo para um local longe da administração superior da Universidade, ficará mais difícil ainda participar das decisões –, de memória e identidade com o bairro do Benfica e também a dificuldade de acesso à Messejana.

Pensando nos questionamentos dos estudantes de Comunicação Social da UFC, resolvemos conversar com o professor Ronaldo Salgado, coordenador do curso de Comunicação Social, com o professor Gilmar de Carvalho e com os estudantes Chico Célio, Gica Canani e Waldenia Marcia


Ronaldo Salgado


Gilmar de Carvalho


Chico Celio


Gica Canani


Waldenia Marcia


Saiba mais:
http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=7451&Itemid=90
http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/politica/832490.html
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/10/400066.shtml
http://ocupacaodaufc.blogspot.com/

Dê a sua opinião, comente!