segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Irã nos quadrinhos e nas telas de cinema

Por Raquel Dantas


Histórias ambientadas no Oriente Médio têm conquistado grande quantidade de leitores mundo afora. Apostando no mesmo sucesso alcançado pelos livros, muitas delas acabam sendo levadas para as telas de cinema, como é o caso da adaptação de O Caçador de Pipas - best-seller do autor afegão Khaled Hosseini, um dos filmes mais aguardados no início deste ano.

Algumas dessas histórias, porém, não chegam a fazer tanto sucesso por aqui, mesmo sendo fascinantes. Os quadrinhos de Marjane Satrapi são um bom exemplo. Alguns críticos acreditam que o formato HQ ainda não consegue atrair públicos diversificados como os tradicionais livros de literatura em prosa. No entanto, Persépolis tem algo peculiar que já o torna interessante: é escrito e desenhado por uma iraniana, além de ser autobiográfico. Marjane consegue levantar questionamentos políticos, religiosos e éticos fazendo uma dosagem bem equilibrada entre drama e humor. Uma boa forma de ver a realidade de um país que nós pouco conhecemos.

O enredo de Persépolis nos mostra o desenrolar histórico da queda do Xá (rei), a ascensão da Revolução Islâmica em 1979 e a guerra contra o Iraque, através dos olhos da criança que queria ser profetisa e da adolescente de pensamentos e atitudes liberais que é exilada pelos pais na Europa. Marjane se vê diante de um novo mundo, de novas possibilidades, mas também de cultura e costumes bem diferentes.

O primeiro volume de Persépolis foi lançado na França em 2001, acompanhado de mais três volumes. Foi um grande sucesso por lá e logo o livro passou a ser publicado em vários outros países. Em 2007, com direção de Marjane e Vincent Paronnaud, a história foi para as telonas.

A adaptação para o cinema deu vida e ainda mais beleza aos desenhos de Marjane. E, mesmo não sendo comparável ao livro, o que geralmente acontece na maioria das adaptações, o longa-metragem consegue capturar os momentos mais importantes e emocionar por sua história real.

O filme ganhou prêmio no Festival de Cannes em 2007 e foi indicado ao Oscar de melhor animação. O governo iraniano é que não gostou nem um pouco. Chegou a enviar uma carta à embaixada da França em Teerã contra o filme, acusando-o de retratar incorretamente a Revolução Islâmica.


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